O Dia Internacional de Lutas das Mulheres Trabalhadoras é comemorado em 8 de março pelos movimentos populares, data que foi incorporada aos calendários oficiais de muitos países, inclusive aqui no Brasil, mas sempre buscando descaracterizar o seu elemento central, pois não se trata de uma festa, mas sim um dia de luta e conscientização.
A data foi escolhida homenageando uma greve em Nova Iorque, EUA, em 1857, quando trabalhadoras de uma fábrica de tecidos cruzaram os braços para reivindicarem melhores condições de trabalho, redução na carga diária de trabalho para dez horas (a jornada era de 16 horas de trabalho diário), equiparação salarial com os homens (recebiam até ¼ do salário de um homem) entre outras bandeiras. Os patrões não aceitaram negociar e com apoio policial atacaram as grevistas, as trancaram-nas dentro da fábrica que acabou incendiada, matando cerca de 130 mulheres.
Hoje, a pandemia do Coronavírus tem imposto sacrifícios e morte para milhões de mulheres trabalhadoras ao redor do mundo e, em especial, aqui no Brasil. Bolsonaro e Paulo Guedes fazem um cínico jogo de cena. Enquanto o banqueiro defende, da boca pra fora, a vacinação para salvar a economia, Bolsonaro e seus militares, militantes e milicianos, sabotam ativamente o combate à pandemia, aprofundando o desemprego e a queda da renda das famílias.
O empobrecimento da população degrada as relações de trabalho e põe em risco as vidas de milhões de mulheres pela exposição ao vírus. As sobrecarrega pela necessidade de obter sustento e cuidar das tarefas domésticas, sendo mais afetadas pelo desemprego.
Não há do governo uma política permanente que vise a estabelecer condições materiais de igualdade e agora no atual estágio da pandemia, o auxílio emergencial que debatem possui valor insuficiente para garantir o sustento de uma família. No Brasil, 90,3% dos domicílios formados por um só responsável e com filhos até 14 anos, são chefiados por mulheres, das quais 67,5% são negras (CONTEE, 2021).
Igualmente, o regime de home office emergencial aprofundou o papel da mulher como “cuidadora”. Pesquisa recente do DataFolha (2020) identificou que 57% das mulheres que passaram ao home office “relataram que acumulam a maior parte dos cuidados com a casa”, com relação às atribuições desenvolvidas anteriormente.
Além disso, os casos de violência contra a mulher dispararam no ano passado, com 1.823 feminicídios (crimes de gênero contra a mulher), uma média de 5 casos ao dia. Foram 105.671 denúncias, das quais 72% são de violência doméstica e intrafamiliar. Isso equivale a 290 denúncias por dia ou uma a cada cinco minutos, número estarrecedor porém, inferior à realidade, dada a subnotificação.
Finalmente, por mais que tenham sido conquistados importantes avanços desde o massacre das trabalhadoras de Nova Iorque em 1857, ainda falta muito a ser feito e a Pandemia do Coronavírus, associada ao discurso machista e retrógrado de vastos setores do atual governo e de seus apoiadores impôs grandes retrocessos às mulheres trabalhadoras, mas nós do Sindisep-RJ temos uma convicção, apenas a luta muda a vida e, portanto, lutemos!
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