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Sobre a destruição do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista


Companheiros: Nós do Sindisep/RJ lamentamos profundamente a tragédia que abateu-se sobre o Rio de Janeiro, o incêndio que destruiu grande parte do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, fruto do descaso e dos cortes orçamentários de sucessivos governos, tendo, como gota d'água final, a "PEC do Fim do Mundo", EC95, a qual gerou um corte drástico nos recursos de custeio da máquina pública.

Os 200 anos de história transformados em cinzas no incêndio do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista não é um caso isolado, mas sim reflexo de uma política de desmonte proposital em setores indispensáveis para a construção de uma identidade nacional, reflexo do sucateamento das universidades e instituições públicas de nosso país.

Os recursos públicos que deveriam ser destinados para os serviços públicos, são canalizados para atender a ganância por lucros infinitos de banqueiros e especuladores. É indispensável que seja dado um basta neste processo de falência programada. Que os frutos do trabalho do povo, sejam a ele destinados, através de serviços e espaços públicos acessados por todos.


A grande imprensa, em especial a Rede Globo, já toca suas trombetas com falsas soluções, afirmando aqui e ali, que o problema do Museu era estar sob gestão pública, sugerindo a necessidade de privatizar estes espaços na opinião da emissora, somente o Museu do Amanhã de propriedade dos Roberto Marinhos precisam de recursos públicos para se manter. Tudo em nome do lucro!

Omitem, evidentemente, as causas desta tragédia anunciada: os cortes generalizados nos recursos de custeio. Não contam, por exemplo, que em razão do sucateamento pré-ordenado da CEADE, nas mãos do governo Cabral/Pezão que tentam a todo custo privatizar a companhia, não havia água dos hidrantes. "Esquecem" que por anos as universidades lutam por mais recursos para sua manutenção, mas não recebem. Fingem ignorar, que a tragédia que acometeu o museu da Quinta da Boa Vista, é um espectro que ronda centenas de espaços e imóveis públicos no Estado do Rio de Janeiro, milhares em todo o país, em razão da falta de manutenção e o sistemático abandono destes.

Os exemplos de descaso são muitos, os museus federais estão abandonados e necessitam de reparos para garantir a manutenção do seu acervo. Obras incompletas no Museu da Chácara do Céu. A Funarte está sem instalações adequadas para a guarda de seu acervo. O Museu do Índio, da Funai, em Botafogo segue fechado. O Edifício A Noite, onde funcionavam até poucos anos atrás o INPI e a Rádio Nacional segue em abandono. O Abrigo Cristo Redentor está em total degradação, prejudicando os idosos. O Arquivo Nacional enfrenta falta de investimentos em segurança, ataques aos servidores e censura, está com prédio F condenado pelo Corpo de Bombeiros. Museu Nacional de Belas Artes, está com várias goteiras e vazamento em suas áreas internas, ameaçando o acervo. Qual será a próxima vítima dessa política de cortes?

Apenas a título ilustrativo, uma redução de 0,1% na taxa de juros paga hoje aos rentistas e banqueiros, seria o suficiente para custear, nos valores atuais, por 10 anos, os 560 museus nacionais.

Outro exemplo, com base nos rendimentos do mega empresário Joesley Batisita de 2016, em R$ 103.000.000,00, que pagou apenas 0,3% de alíquota efetiva. Se ele fosse tributado com base na alíquota do imposto de renda de 27,5%, igual a qualquer trabalhador, o governo arrecadaria R$ 28.325.000,00, dinheiro que teria reformado, com troco, o destruído Museu Nacional (que era estimada em R$ 20.000.000,00) e a reforma do Arquivo Nacional (estimada em R$ 7.000.000,00).

Nós, servidores públicos temos que redobrar nossa atenção e denunciar o descaso com o patrimônio público por parte de gestores e governantes! Todo apoio aos estudantes e trabalhadores da UFRJ, todo apoio ao SintUFRJ, temos que nos unir para resistir a mais este golpe contra a história do nosso país! Todo apoio à UFRJ e aos Museus! Sindisep/RJ

*a imagem é do sítio Sputnik, no link: https://br.sputniknews.com/brasil/2018090212117887-museu-nacional-rio-incendio-protestos/

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