Companheiras e Companheiros:
O ano de 2019 não superou sequer seu primeiro trimestre, mas dá mostras de um cenário trágico para o povo, como (contra)reformas que visam a destruir o que resta da previdência pública, dos direitos sociais, dos sindicatos classistas e do Estado brasileiro. As eleições do ano passado e o “novo” governo em Brasília, fazem coro em defesa do machismo, do racismo, do liberalismo submisso ao imperialismo e de toda a espécie de retrocessos políticos e sociais possíveis, ao alcance da torpe caneta presidencial.
As mulheres, e aqui nos referimos em especial às mulheres trabalhadoras, são as mais prejudicadas nesse contexto. A reforma da previdência impactará cruelmente sobre elas, aumentando o tempo de contribuição, inviabilizando aposentadorias, achatando benefícios assistenciais e reduzindo-lhes a autonomia financeira no final de suas vidas.
Mas os ataques, não se limitam a isso (o que já é muita coisa)… são elementos cotidianos do discurso oficial, que parece visar a rebaixar a mulher a uma posição acessória ao homem, por motivos políticos, ideológicos e religiosos.
Chamar as mulheres brasileiras de “joias raras” em “homenagem” ao Dia Internacional de Lutas das Mulheres Trabalhadoras* é emblemático, sintetiza o discurso e prática governamental, consistindo em antítese a tudo que essa data carrega de significado. Traduz uma visão patrimonialista e retrógrada, na qual as mulheres são tratadas como objetos, como bens, como adornos, pertencentes a um homem que lhes atribui valor a partir de sua própria perspectiva masculina, não como cidadãs plenas e capazes que são!
Cada um dos crimes de feminicídio retratados em reportagens de jornal e os muitos outros omitidos, são frutos dessa visão patrimonialista, não devendo ser tratados como “casos isolados” e muito menos negligenciados pelo poder público. Por fim, nós SINDISEP/RJ acreditamos que o 8M e uma data de ampla mobilização e conscientização, mas que o combate ao patrimonialismo e ao machismo deve se dar todos os dias, em todos os espaços de luta, sendo certo que apenas a unidade dos setores progressistas da sociedade será capaz de barrar o avanço da barbárie.
Saudações Sindicais!
Não à barbárie bolsonarista!
* O 8 de março é comemorado historicamente pelos movimentos populares como o Dia Internacional de Lutas das Mulheres Trabalhadoras, homenageando uma greve que ocorreu em Nova Iorque, EUA, no ano de 1857, quando trabalhadoras de uma fábrica de tecidos cruzaram os braços para reivindicarem melhores condições de trabalho, redução na carga diária de trabalho para dez horas (a jornada era de 16 horas de trabalho diário), equiparação salarial com os homens (recebiam até ¼ do salário de um homem) entre outras bandeiras. Os patrões, como sempre intransigentes, não aceitaram negociar. Reprimiram com apoio policial o movimento, trancaram-nas dentro da fábrica, que acabou incendiada, matando cerca de 130 mulheres.
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